Depois do museu voltamos a Christiania, pra comer falafels. Tínhamos ido antes com a Michala, e demos um passeio em volta do lago.
Não sei muitos detalhes, mas Christiania é uma espécie de sociedade à parte, uma experiência de viver em comunidade e liberdade. Começou em 69, quando pessoas do bairro de Christianshavn começaram a forçar a entrada de uma base militar desativada para usar a área como playground ou parque.
Pouco a pouco pessoas começaram a ocupar os antigos edifícios, onde agora tem moradores ou coisas tipo galerias de arte, bares... Outras casas foram construídas, cada um como quis. Então tem casas superbonitas e outras completamente improvisadas. Umas muito criativas, outras mais clássicas.
Em 72 o governo aceitou a brincadeira como uma "experiência social", mas a comunidade teve que continuar batalhando pra existir.
As regras de Christiania são simples: no hard drugs, no rocker badges, no weapons, no violence. O lugar é um refúgio pra pessoas que não se adaptam ou simplesmente não querem viver na tal sociedade dita normal. Um lugar onde se podia viver à sua maneira, desde que respeitando as regras básicas. Agora tá rolando um perigo de extinção porque o governo liberal quer "normalizar" a área, ou seja, destruir...
Um dos lugares mais famosos de Christiania é a "Pushers Street", onde até há pouco tempo as pessoas podiam ir comprar maconha tranqüilamente, como num mercado de pulgas. Não era oficial mas tacitamente aceito. Agora o governo fechou o barraco e o resultado é que a venda virou coisa de bandido e se espalhou por outros lugares da cidade. Tiraram o comércio do pessoal da paz e deram o monopólio pra gangs e traficantes menos flower-power, e que vendem também drogas pesadas. Por conta disso, a polícia faz várias visitas diárias, sempre em grupo, uma coisa ridícula de se ver. Ainda mais num país onde não se vê polícia em lugar nenhum! Só tínhamos visto uns poucos policiais de moto, na estrada, e um carro de polícia em 3 semanas...
Compramos umas roupas numa loja indiana e a dona da loja contou que tá rolando uma lei do terror, que a polícia pode entrar onde quiser, mesmo nas casas, sem mandado. Pra quem tá acostumado com o terceiro mundo não parece nada tão original, né? Mas depois de passar alguns dias nesse país onde você se sente hiperseguro, a gente também fica indignado.
Enfim, o lugar já mudou muito desde os primórdios, mas ainda vale uma visita. Todas as pessoas são bem-vindas e a gente nem se sente turista.
Se você quiser saber mais, veja este texto em inglês que é um resuminho com vários tópicos, bem interessante.
Christiania fabrica bicicletas muito legais. Nessa da foto, o banco fica suspenso nessa faixa preta, onde está pendurado o cadeado, tá vendo? Não experimentamos, mas parece que é bem confortável.
A outra bicicleta típica tem uma espécie de caixa de madeira na frente (na verdade é um triciclo) onde as pessoas carregam os filhos, as compras... É muito bonitinho ver as famílias dentro, mas não tiramos nenhuma foto. Mas veja aqui.
Aqui estamos em um café bem bonito. E esse quadro atrás de mim é bem legal.
25.8.06
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